Moldagem digital em odontologia

A moldagem do paciente é, sem dúvida, essencial na prática odontológica de diversas especialidades. Ela é fundamental para o dentista estudar os casos dos pacientes, traçar os planos de tratamento e transferir a situação clínica para o laboratório, quando necessário.

Muito usada por dentistas até hoje, a moldeira é convencional é um elemento que faz parte da rotina de muitos consultórios, mas também, é um dos objetos mais desagradáveis, e traumáticos, para o paciente no tratamento odontológico. Incômoda, ela costuma provocar náuseas nos pacientes mais sensíveis, além de deixar resíduos na arcada dentária.

Além disso, não são raros os casos em que o paciente precisa ser moldado mais de uma vez, seja por conta de imperfeições no modelo ou quebra no momento de vazar, por exemplo.

Por conta disso, a possibilidade de tornar o processo de modelos digital sempre foi uma busca da odontologia, e graças aos recentes avanços tecnológicos, já está disponível, e acessível, para muitos profissionais da área.

O que é moldagem digital?

Mas afinal, o que é moldagem digital?

É a obtenção de um modelo digital da arcada dentária do paciente, sem a necessidade de moldeiras físicas. O escaneamento intraoral é feito em uma sessão, com obtenção e transmissão das imagens da arcada dentária do paciente para o computador por meio de equipamentos específicos. É um processo simples e rápido, que elimina duas etapas da moldagem convencional: a obtenção do molde e a confecção do modelo de gesso.

Essas imagens capturadas vão para um software, que vai construir uma moldagem digital da arcada dentária do paciente. Pela qualidade das fotos, o modelo consegue um nível de qualidade, previsibilidade e previsão até então nunca alcançados. Após o escaneamento, o caso é planejado digitalmente e encaminhado para a unidade de fresagem computadorizada, para a confecção das peças protéticas a partir da fresagem de blocos sólidos de materiais restauradores, como cerâmicas e compósitos resinosos, escolhidos para o caso. A unidade de fresagem pode estar no próprio consultório do dentista ou em um laboratório de prótese.

Da moldagem convencional à digital

A moldagem que conhecemos hoje, com elastômeros e modelos de gesso, teve seu início em 1937. O primeiro elastômero criado para uso exclusivo em odontologia foi o impregum, introduzido pela empresa ESPE em 1965. Durante muitos anos, a técnica foi essencial para diagnósticos e tratamentos, além de auxiliar o acompanhamento e a evolução do tratamento.

Com o avanço na área odontológica e a busca pela modernização para promover conforto ao paciente e agilidade nos tratamentos, surgiram, no início dos anos 80, os modelos digitais obtidos por meio da moldagem digital ou escaneamento. Desde o desenvolvimento do primeiro scanner digital para facilitar a criação de moldagens, engenheiros investiram na tecnologia e desenvolveram aparelhos cada vez mais amigáveis e de uso confortável tanto para o profissional quanto para o paciente.

Os procedimentos de moldagem digital foram introduzidos em prótese, implantodontia, cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, e ortodontia, pois, devido à sua natureza, esses sistemas podem eliminar erros inerentes às moldagens convencionais e modelos de gesso.  Porém, não demorou para que os scanners digitais intraorais ganhassem visibilidade na odontologia, e virassem também objeto de desejo de profissionais de outras especialidades, já que a sua aplicação simplifica decisivamente o fluxo de trabalho, evita imprecisões vinculadas à moldagem convencional e torna o tratamento mais breve.

Os processos de moldagem e obtenção de modelo digital, como também a produção da peça protética, são realizados por meio da tecnologia CAD/CAM (Computer Aided Design/ Computer Aided Manufacturing). Atualmente, há também o sistema de moldagem digital tridimensional (3D) dedicado. Ele elimina várias etapas de atendimento em um consultório odontológico, pois as restaurações finais são produzidas em modelos criados a partir de dados dos escaneamentos digitais, ao invés de em modelos de gesso feitos a partir de moldagens físicas.

Benefícios da moldagem digital

Uma das principais vantagens da moldagem digital é que as imagens da arcada do paciente podem ser ampliadas (em até 60x) para melhor visualização dos detalhes e, consequentemente, proporcionam tratamentos mais precisos.

Essa técnica visa eliminar o uso de moldeiras, e problemas na proporção e polimerização de materiais de moldagem, desinfecção, alterações dimensionais dos materiais de moldagem, expansão do gesso e envio físico para o laboratório, reduzindo o risco de quebrar o modelo durante o seu transporte, eliminando o armazenamento físico dos modelos e tornando o tratamento mais ágil.

Mais conforto

Enquanto a moldagem física exige do paciente o uso de uma moldeira, a digital obtém todas as imagens em menos de um minuto – não é preciso ficar com a boca aberta por muito tempo, que pode causar náuseas em pessoas mais sensíveis. Além disso, elimina o uso de substâncias que deixam resíduos difíceis de retirar dos dentes após a moldagem.

Economia de tempo

Assim que o modelo fica pronto na moldagem digital, é enviado para o computador e já pode ser utilizado para o planejamento do tratamento ou criação do implante.

Ao eliminar o processo de moldagens convencionais, você não precisa se preocupar com erros causados pelo aparecimento de bolhas de ar, ruptura dos materiais de moldagem, deslocamento e movimentação da moldeira, falta de materiais, adesivo de moldagem inadequado, ou distorção causada pela desinfecção.

Economia de recursos 

Elimina o uso de gesso, resina e outras substâncias. Além disso, a moldagem física exige espaço para guardar os modelos físicos e todo o material para retirar o molde.

Precisão

A moldagem digital não exige a colação de uma moldeira entre os dentes superiores e inferiores. Com isso, reduz significativamente o risco de uma relação interoclusal inadequada.

Sustentabilidade

Com o uso de recursos quase que totalmente digitais, você diminui consideravelmente o uso de substâncias tóxicas para o meio ambiente. 

Previsibilidade

A integração entre modelos com imagens digitais obtidas por tomografias do tipo Cone-Beam facilita muito o diagnóstico e planejamento de casos mais complexos.

Estética

Um dos problemas causados pela moldagem física é que cabia ao profissional encontrar a tonalidade de cor ideal para cada paciente, o que já é identificado automaticamente pelo sistema digital.

Além disso, o sistema permite que o próprio paciente consiga visualizar – e aprovar – de forma digital, a prótese, antes mesmo dela ser concluída.

Convencional x digital

Apesar de tantos benefícios, essa técnica apresenta algumas adversidades no ambiente bucal que podem interferir na obtenção do modelo digital, tais como saliva, fluido sulcular, limitação de abertura e movimentação bucal do paciente. Além disso, os custos dos sistemas CAD/CAM são mais elevados. porém, em contrapartida, a produção rápida e em larga escala de restaurações de boa qualidade compensam para alcançar a viabilidade financeira.

Seja pela tradição – utilização do modelo convencional há mais de 80 anos; pela resistência ao uso da tecnologia digital ou falta de conhecimento, muitos profissionais ainda relutam na utilização da moldagem digital. E você, qual sua opinião sobre o tema? Nos conte nos comentários!

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